
“Outros Olhares” busca quebrar conceitos da arte local promovendo movimento “pós Jorapimo”
Por: Lívia Gaertner em 10 de Setembro de 2012
Com a proposta de mostrar que as artes plásticas em Corumbá vão além das belas paisagens naturais do Pantanal emolduradas em telas, um grupo de artistas plásticos locais se reuniu e promove um movimento batizado como "pós Jorapimo", fazendo referência ao grande ícone das artes plásticas corumbaense.
"Sair da questão da antiga arte, da concepção já formada de que vai encontrar aqui paisagismo acadêmico, por exemplo. A gente quer mostrar que tem mais do que isso, outro olhar em cima da arte que já estava um pouco até perdida nos seus próprios conceitos. Não que a gente não trabalha com o acadêmico, mas queremos mostrar o que tem além porque a arte não se limita a um estilo só. O que estava acontecendo aqui é que não existia um conjunto de grupos atuais que estavam mostrando novos trabalhos", explicou Vitor Cure, artista plástico que compõem o grupo.
Batizado de "Outros Olhares", o grupo vem conseguindo reconhecimento em território estadual. No mês passado, os integrantes enviaram trabalhos para concorrer ao Salão de Artes Plásticas de Campo Grande, e conseguiram emplacar três obras na exposição sediada na capital do Estado, sendo que uma, intitulada "Mãos sob Pés Descalços", de Vitor Cure, foi premiada dentro do edital.
"Foi legal levar o nome de Corumbá, renascer essa questão das artes plásticas que estava um pouco apagada porque, às vezes, quando a gente fala em Corumbá, lembra muito de artesanato e esquece um pouco das artes plásticas, então nossa função com o grupo é realmente voltar esse olhar para as artes plásticas mais sérias", disse o artista que completa o grupo com os veteranos Jamil Canavarros e Deiny Rejala (Marisol), além de Leandro Basualdo e Hélker "Primo".
A individualidade de cada um e a troca de experiências é o que promove estímulo entre os artistas que se reúnem para discutir estilos, para debater o próprio papel do artista e de sua arte dentro da sociedade.
"Cada um tem um estilo e isso é o legal no grupo. Cada um tem o seu particular, sua memória, a sua vida que passa pra tela, pra escultura, pra arte. É igual na família onde você tem um pai de um jeito, a mãe de outro, que se juntam e sai o filho com outra personalidade. Isso é legal, essa integração, que está muito legal. Por exemplo, eu pego a técnico do Vitor, do Jamil, da Deiny, junto ao meu e faço outra coisa. A arte é vida, é o cotidiano, o que você sonha, o que você sente, é você expressar o que está dentro de você, o que você vive, o que você vê do mundo e de um todo e passa pra tela, pra escultura, pra parede", comentou Leandro ao Diário sobre a forma como o grupo interage.
Arquiteto por formação, Leandro sempre esteve ligado ao mundo artístico e encontrou no "Outros Olhares" a oportunidade de mostrar que a cidade, que já produziu grandes nomes na área, ainda tem muito a mostrar.
Ele ressalta que o grande desafio do artista local é se fazer perceber pelo público. "Você só passa a amar alguma coisa quando você a conhece. O que não acontece aqui, infelizmente, porque o povo corumbaense não conhece os artistas da cidade, nem na Literatura, nem nas artes plásticas, em nenhum momento. Então é muito fácil pegar alguém fora e fazer show, porém, você tem que amar sua cidade, ter orgulho dela, para se ter isso tem que participar, conviver", ponderou o artista que tem predileção pela pintura abstrata.
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